terça-feira, 29 de outubro de 2013

O riso

"O riso:
  • diminui o stress
  • o nível de cortisol - hormônio que dificulta o trabalho do sistema de defesa - cai
  • aumenta a produção de imunoglobulinas, anticorpos que ajudam a combater infecções
  • diminui a sensação de dor com a liberação de endorfina, analgésico natural que propicia sensações de prazer e bem-estar
  • leva uma atitude positiva para a vida, diminuindo problemas como depressão e angústia, pontos de partida de inúmeras manifestações psicossomáticas".
Fonte: Revista Sérgio Franco CDPI 1- ano 1




domingo, 12 de maio de 2013

Psicologia e Cinema

Amor

Por Vanessa Coutinho

   "Amor" ( "Amour", Michael Haneke, 2012) traz para nossa reflexão a história do casal de professores de piano Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emanuelle Riva).
   O filme se passa quase inteiramente dentro do apartamento do casal de idosos, e isso ajuda a simbolizar o estreitamento daquelas duas vidas, que têm os limites de seu universo cada vez menores.
   Anne desenvolve uma doença degenerativa que, com o decorrer do tempo, traz uma impossibilidade de se locomover, se alimentar, controlar necessidades fisiológicas e até mesmo se comunicar, pois seu discurso vai perdendo o sentido lógico, até tornar-se uma combinação de palavras aparentemente colhidas ao acaso.
   Pouquíssimas pessoas vão ao apartamento do casal, as visitas são esparsas, o que aumenta a compreensão do grau de solidão, em especial daquele homem, que precisa cuidar da sua companheira, que vai se tornando um ser inteiramente diferente daquela mulher outrora bela e interessante. O cuidado é incansável, e o quadro, claramente irreversível, com crises de desespero e dor.
   Acompanhamos o avanço da doença de Anne de forma explícita, escancarada. O avanço do colapso emocional de Georges, ao contrário, vai se dando de forma sutil, velada, porém, não menos devastador.
   O filme é, a um só tempo, triste e poético. Interpretações e direção estão na medida certa para conseguirmos compreender as posturas e atitudes dos personagens, por mais extremas que possam parecer à primeira vista, revelando a humanidade e a verdade presentes em cada gesto.
 
 
 


sábado, 13 de abril de 2013

Gerald e Nicole

Por Vanessa Coutinho

   Não assisto ao programa "Pânico na TV". É o tipo de "humor" (!) que não me agrada, nem me faz rir. Ao contrário, me causa náuseas. Porém, não pude deixar de me contaminar por uma imagem que apareceu bastante na mídia nos últimos dias. O diretor de teatro Gerald Thomas colocando a mão por dentro do vestido de Nicole Bahls. Na minha opinião, a imagem é chocante, e deixa claro que ela não autorizou tal investida. Gerald disse que foi uma brincadeira, foi divertido, que o povo do programa não achou nada demais e que Nicole tem postura de mulher-objeto. Hein????? Pára tudo!!!!! Se uma mulher está de roupa curta ela está querendo que lhe enfiem a mão dentro do vestido? 2013, século XXI, palavras ditas por alguém que se considera um formador de opinião, parte da camada intelectual da sociedade? Cena deplorável que vai ao ar em um programa de TV que, infelizmente, tem boa audiência, em especial entre o público jovem? Meu Deus!!!!!!! Onde estão aqueles que têm visibilidade para esclarecer que este sujeito está TOTALMENTE equivocado? Não sei quem é Nicole Bahls, mas, por mim pode ser quem for e fazer o que quer que seja. Ainda comemoramos a Lei Maria da Penha, como um passo importante no respeito às mulheres em nosso país, e essa cena absurda acontece. Realmente, é o pânico na TV.
 


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Psicologia e Literatura

Por Vanessa Coutinho

   "Max e os Felinos", de Moacyr Scliar, é um livro cuja segunda parte fala do jovem Max, que naufraga e fica num pequeno bote na companhia de um jaguar. Esta obra foi escrita antes de "As Aventuras de Pi", de Yann Martel (livro que inspirou o filme homônimo).
   Martel não só relutou muito antes de assumir que havia se inspirado no livro de Scliar como desmereceu o trabalho do brasileiro. Fica o registro.



Psicologia e Cinema

Por Vanessa Coutinho




   Reza a lenda que Carlos Drummond de Andrade tirou zero em uma prova sobre sua obra. Suas interpretações foram todas consideradas incorretas. Em geral, ao interpretarmos algo, falamos de nós, muito mais do que do autor.
   Ao assistir o filme "As aventuras de Pi", muitas coisas nos chamam a atenção. Como todos sabem, esse filme conta a história de um jovem náufrago que fica à deriva num bote salva-vidas na companhia de um tigre de bengala.
   Há uma cena em que vemos Pi lutando contra a tempestade que levou o navio em que estava ao fundo do oceano. Em seu bote, uma zebra de pata quebrada, uma hiena, um orangotango e, claro, o tigre. A hiena mata zebra e o orangotango e, finalmente, é morta pelo tigre. E assim, Pi segue com o felino infinitos dias através do mar.
   No fim do filme, Pi declara que a presença do tigre o salvou, o ajudou a manter-se vivo em seus dias de profundo desespero. Afinal, aquele não era qualquer tigre, mas sim, o mais poderoso dos animais do antigo zoológico de seu pai, morto no naufrágio.
   Ouvimos então, uma segunda versão dos fatos, onde é possível compreender que a zebra representaria um simpático marinheiro budista; o orangotango, a mãe de Pi; a hiena, o cozinheiro asqueroso e amoral, e, o tigre, o próprio Pi. Assim, quando ele narra suas aventuras no bote, na verdade estaria sozinho, seu aspecto humano-racional aparecendo como ele mesmo, e seu instinto surgindo personificado no tigre, que o fez resistir por tanto tempo sem sucumbir. Pi e o tigre, dois aspectos do mesmo ser.
   Ao chegar à costa do México, o tigre desaparece sem deixar rastros. Prestes a ser acolhido e salvo, Pi podia reconstituir-se numa só imagem. Seu tigre interior já havia cumprido sua função...
 
 

domingo, 31 de março de 2013

Off their Rockers

Por Vanessa Coutinho

   Imagine duas senhoras com seus 80 anos de idade se aproximando de um rapaz de uns trinta anos. Elas puxam conversa, com ar doce e suave. De repente, uma delas diz a ele que ambas o acharam muito sexy, e pergunta se ele não estaria interessado em sexo a três. Em outra cena, mais uma senhora, da mesma idade, pergunta a um rapaz no aeroporto se poderia contar com ele para fazer sexo no avião. Ou então um senhor bem idoso pedindo ajuda para enviar um torpedo, afinal, velhinhos têm dificuldade com novas tecnologias... O teor da mensagem? "Eu levo o vinho e você, o chicote e as algemas".
   Essas e outras historinhas estão na série Off their Rockers, comandada pela atriz humorística Betty White, de 90 anos. A ideia é fazer "pegadinhas" com pessoas jovens, e os atores que encenam as mesmas estão, todos, em idade bastante avançada. Ou seja, a câmera fica escondida e registra as reações das pessoas desavisadas a situações inusitadas como as descritas acima.
   Algumas vezes, os atores nem chegam a falar com suas "vítimas", como na cena em que duas senhoras conversam e uma comenta com a outra sobre os efeitos eróticos de seu novo piercing genital. Isso, é claro, bem pertinho de pessoas que não têm como deixar de ouvir...
   Nem todos os quadros da série são de teor sexual, embora a maior parte o seja. Há, por exemplo, o velhinho que pede a um incauto rapaz que fique tomando conta do isopor em que leva seu rim para doar ao irmão enquanto vai comprar algo.
   Exageros acontecem, e, por vezes, esbarram no mau-gosto, como xingamentos gratuitos, ou idosos atacando pratos de comida dos jovens. Mas a ideia de descontruir a imagem de que pessoas mais velhas são sempre gentis e assexuadas pode ser uma sacada bem interessante...

 


Jean-Bertrand Pontalis

   A psicanálise é (...) uma aventura intelectual dolorosa, longa, cara e sem destino certo. Mesmo os que se consideram livres de seus sintomas não sabem responder se são mais felizes. Não sei dizer qual será o futuro da psicanálise como terapia, mas esse aspecto é o menos importante. A psicanálise não é uma ideologia, e sim uma concepção de cunho filosófico que jogou a última pá de cal sobre o antropocentrismo. Mostrou que não somos nem mesmo o centro de nós mesmos, por estarmos sujeitos a pulsões e a uma narrativa de nossa história individual criptografada no inconsciente, essa maravilhosa descoberta. Freud, assim, jamais morrerá. Foi - e é - um grande amigo da humanidade.